terça-feira, 23 de agosto de 2011

Contos de fadas


Nunca fui adepta de príncipes encantados que chegam à sua bela princesa num cavalo branco, donos de uma perfeição indiscutível e surreal, nem de lindas princesas que esperam impacientemente que o seu príncipe chegue e que as conduza ao seu “felizes para sempre”.
Sempre gostei mais da parte obscura dos contos de fadas, como as feiticeiras e bruxas malvadas que tentam arruinar a história feliz de um casal de contos de fadas.
Mas quem disse que estas são donas de uma enorme inveja da felicidade e de histórias de amor felizes nunca pensou que estas mulheres são o retrato de todas aquelas princesas que esperaram pelo seu príncipe encantado e que quando o conseguiram, se mostrou ser um sapo muito bem disfarçado de discurso e acções previamente preparados capaz de despedaçar o frágil coração de uma mulher que sempre sonhou com o seu final (quase) feliz.

As rugas, os cabelos encrespados e de uma tonalidade cinzenta ou até mesmo branca, o aspecto descuidado e a sua amargura não são mais que marcas que a passagem do tempo deixou nas suas peles e nas suas vidas, produto de um feitiço de amor mal conseguido e inacabado feito por outras mulheres que tal como estas foram vítimas de sapos cruéis e corações despedaçados, que deu lugar a uma estrutura sólida e indestrutível no lugar deste.


Estas mulheres sim, são as mais verdadeiras princesas que possam existir, todas aquelas que sempre mantiveram a esperança de um final e de uma vida feliz e que se apercebem, de coração partido e deixadas à sua mercê, que não existem príncipes encantados e tão pouco um “felizes para sempre”, mas sim um “felizes por agora”.

E as verdadeiras princesas, que se escondem atrás de uma vida infeliz e de uma amargura de grau severo, não existem apenas nas histórias de encantar. Existem à nossa volta, de cabeça erguida a desejar que chegue o dia em que também ela possa ter a sua vida e final feliz, sem recorrerem aos pozinhos mágicos das fadas-madrinhas que pairam sobre elas, mas acima de tudo com ou sem príncipes encantados.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Desistências *


Raramente desisto e tenho a capacidade de o fazer, mas quando o faço é sem arrependimentos e mais palavras. Desisto, mas de cabeça erguida e sem medos, sem lágrimas e sem dor.


O único sentimento que fica é o arrependimento e a culpa de não ter conseguido desistido mais cedo, aproveitando mais uns minutos ou talvez mesmo uns dias de uma vida que é sempre curta para fazer tudo o que se quer e para viver tudo o que há para viver.


Cada vez mais sinto esse arrependimento, nas pequenas coisas que faço e que vivo bem como em todos os segundos e palavras perdidas perante uma parede de carne e osso ou também em todas as acções diárias, ridículas ou interessantes.


Temos de saber quando desistir e quando perceber que não vale a pena remar contra a maré da vida e do desgaste causado pelo passar do tempo, mesmo que essa seja a coisa mais dolorosa de fazer.
Mais doloroso que isso, só mesmo as falsas esperanças seguidas do desmoronamento de fantasias criadas pelos mais simples gestos e palavras feitos e ditos inocentemente.

Eu aprendi a desistir e aos poucos o arrependimento vai-se mudando para o mundo de quem ainda não aprendeu a desistir e a viver o que há a viver e a sentir na curta passagem pela vida.


(AdrianaC, 22/06/2011 - 02:00)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Memórias.


Nem sempre tivemos uma relação perfeita, nunca ninguém o tem mas era uma relação do melhor que conseguíamos ter. Tinhamos os nossos altos e baixos, os sorrisos, os disparates, as saudades e as discussões muitas vezes estúpidas.
Tínhamos tanto e em minutos tornou-se um nada. Deixou de haver os momentos, os sorrisos, os disparates e até mesmo as discussões de que hoje sinto saudades.
Agora que esta relação tão única terminou e já há algum tempo, é hora de recolher todas as memórias uma a uma, ordená-las alfabeticamente e guardá-las numa caixinha de memórias personalizada e única.
Depois de guardadas, a caixinha deverá ser selada não permitindo que ninguém a veja e trancando até que essas sejam precisas ou apenas se necessite de lhes limpar o pó.
Já guardadas, trancadas e com o pó todo limpo segue-se a hora de criar novas memórias que um dia serão guardadas numa nova caixa.
São essas novas memórias que quero criar seja contigo ao meu lado e apoiando-me, ou sabendo apenas que de alguma forma até sentes falta de tudo o que a nossa relação nada perfeita tinha.
Se um dia quiseres criar novas memórias, comigo disponível para ti, sabes bem onde me encontrar, sempre soubeste porque afinal e no fim de tudo não foi o lugar que mudou, mas fomos nós.
Obrigada por me aturares tanto tempo e ao longo de todo esse tempo teres estado sempre lá para tudo o que houvesse. 

[Adriana, 05.05.11 21:10]