terça-feira, 23 de agosto de 2011

Contos de fadas


Nunca fui adepta de príncipes encantados que chegam à sua bela princesa num cavalo branco, donos de uma perfeição indiscutível e surreal, nem de lindas princesas que esperam impacientemente que o seu príncipe chegue e que as conduza ao seu “felizes para sempre”.
Sempre gostei mais da parte obscura dos contos de fadas, como as feiticeiras e bruxas malvadas que tentam arruinar a história feliz de um casal de contos de fadas.
Mas quem disse que estas são donas de uma enorme inveja da felicidade e de histórias de amor felizes nunca pensou que estas mulheres são o retrato de todas aquelas princesas que esperaram pelo seu príncipe encantado e que quando o conseguiram, se mostrou ser um sapo muito bem disfarçado de discurso e acções previamente preparados capaz de despedaçar o frágil coração de uma mulher que sempre sonhou com o seu final (quase) feliz.

As rugas, os cabelos encrespados e de uma tonalidade cinzenta ou até mesmo branca, o aspecto descuidado e a sua amargura não são mais que marcas que a passagem do tempo deixou nas suas peles e nas suas vidas, produto de um feitiço de amor mal conseguido e inacabado feito por outras mulheres que tal como estas foram vítimas de sapos cruéis e corações despedaçados, que deu lugar a uma estrutura sólida e indestrutível no lugar deste.


Estas mulheres sim, são as mais verdadeiras princesas que possam existir, todas aquelas que sempre mantiveram a esperança de um final e de uma vida feliz e que se apercebem, de coração partido e deixadas à sua mercê, que não existem príncipes encantados e tão pouco um “felizes para sempre”, mas sim um “felizes por agora”.

E as verdadeiras princesas, que se escondem atrás de uma vida infeliz e de uma amargura de grau severo, não existem apenas nas histórias de encantar. Existem à nossa volta, de cabeça erguida a desejar que chegue o dia em que também ela possa ter a sua vida e final feliz, sem recorrerem aos pozinhos mágicos das fadas-madrinhas que pairam sobre elas, mas acima de tudo com ou sem príncipes encantados.